(Percussão)
[Verso 1 - Emicida]
Margarida era rosa, bela
Cheirosa e grampola, tipo casa das camélias
Gostosa, bromélia, toda prosa
A me enlouquecer, bela, tipo um ipê frondosa
É lírio, causa delírios, mire-a
Vício é vigiar, chique como orquídea
Ahh, cabelos como samambaia e xaxim, flô
Perto dela as outras são capim pô
Girassol, Violeta, beleza violenta
Passou por aqui como se o mundo gritasse arrasa bi!
Flor de laranjeira ou primavera inteira são
Flores e mais flores todas as cores da feira, irmão
(Ô... essa nega é trepadeira, hein)
Não é tulipa a fama dela na favela
Enquanto eu dava uma ripa
Tru, azeda o caruru
Os manos me falavam que essa mina dava mais
Do que chuchu
Ai é problema, hein, você é loco
[Refrão - Wilson das Neves]
Você era o cravo ela era a rosa, e cai entre nós gatinha
Quem não fica bravo dando sol e água e vendo brotar erva daninha
Chamei de banquete era fim de feira
Estendi o tapete mas ela é rueira
Dei todo amor, tratei como flor
Mas no fim era uma trepadeira
[Interlúdio: Emicida]
Mamãe olhou e me disse "isso ai é igual trevo de 3 folhas
Quer comer, come... mas não dá sorte"
Vai, brinca com a sorte
[Verso 2 - Emicida]
Bem me quer, mal me quer, ó
Nosso amor perfeito amargou, tipo jiló
Maria sem vergonha, eu, burro, chamei de trevo de 4 folhas
In love, enraizou, fundo
Mas com você não da, ou melhor dá, mas pra tudo mundo
Eu quis te ver de jasmim, firmeza
No altar, preza, branquinho, olha, magnólia, beleza
Victoria régia, brinco de princesa
Azaleia pura, Madre Teresa
Mas não
Você me quis salgueiro chorão, costela de adão
Raspou o cabelo de sansão
E tu vem, parte e grita assim
Arrasa biscate!
Merece era uma surra, de espada de São Jorge (é)
Chá de "comigo ninguém pode"
Eu vou botar seu nome na macumba, viu
Então segura
[Refrão]
[Conversa - Emicidade (Wilson das Neves)]
(Tá vendo ai parceiro?)
O que?
(Fui dar assunto, ai, virou bagunça
Me esculachou, por sorte)
Que sorte hein
(Também agora sai fora, xô xô)
Vai embora, pode descer a ladeira
(Xô, xô)
*Risadas*
Sai, sai andando, não merecia nem essa rap
Gatando tinta com isso ai? tá loco
(Mas que era bom era)
Isso é verdade
*Risadas*
[Outro: Emicida e Elisa Lucinda]
Vou tirar onda, peguei no rabo da palavra e fui com ela
Peguei na cauda da estrela dela
A palavra abre portas, cê tem noção?
É por isso que educação, você sabe, é a palavra-chave
É como um homem nu todo vestido por dentro
É como um soldado da paz armado de pensamentos, é como uma saída, um portal, um instrumento
No tapete da palavra chego rápido, falado, proferido na velocidade do vento, escute meus argumentos
São palavras de ouro, mas são palavras de rua
Fique atento
Tendo um cabelo tão bom, cheio de cacho em movimento, cheio de armação, emaranhado, crespura e bom comportamento
Grito bem alto, sim? Rual foi o idiota que concluiu que meu cabelo é ruim?
Qual foi o otário equivocado que decidiu estar errado o meu cabelo enrolado?
Ruim pra quê? ruim pra quem?
Infeliz do povo que não sabe de onde vem
Pequeno é o povo que não se ama, o povo que tem na grandeza da mistura o preto, o índio, o branco
A farra das culturas
Pobre do povo que, sem estrutura, acaba crendo na loucura de ter que ser outro para ser alguém
Não vem que não tem
Com a palavra eu bato, não apanho
Escuta essa, neném, sou milionário do sonho
Por isso eu digo e repito: Quem quiser ser bom juiz deve aprender com o preto benedito