Eu GostoEu gosto memo de fazer o que eu sei
Gosto do mundo e ser um trunfo pros DeeJay
Gosto de kick e ver meu hit no play
Gosto de set que ferve, gosto de KL Jay
(Eu Gosto)
Raphão talvez seja uma das melhores surpresas desse ano. Após uma caminhada relativamente longa para o álbum, alguns ótimos singles esquentaram as coisas e me deixaram empolgados. E quando chegou não fui decepcionado.
Inspirado por muito jazz, muito afrobeat, muito rap (nacional ou internacional) e a cultura em si, o álbum chega com ótima produção e uma sequência muito bem elaborada que contém alguns interlúdios para valorizar o trabalho do DJ. Falando um pouco das letras, Alaafin é bem diferente. A estrutura das letras são nem um pouco tradicional, assim como os refrãos. E as temáticas são bem animadas e com uma valorização pela cultura negra em geral.
Eu Gosto é tão quente quanto o single que leva o mesmo nome e que conta com a participação do KL Jay, ou tão africano quanto o verso dele em "Mandume" do Emicida, ou ainda tão jazz como uma sessão de improviso de uma banda do gênero. Sem dúvida algo que vou revisitar muito.
Top 5 Destaques: Eu Gosto, Cuidado! Tem Guardinha no Rap, Fireman, Calma, Talento é Trabalho
A Curious Tale Of Trials + PersonsThey took her wings and told her flying was impossible
They told her women cannot call themselves kings
They told her fame is not made for everyone
Trials and persons will be explained
Women can be kings
(Persons)
Pensam numa mina sinistra com o mic. O nome dela é Little Simz. Após ver uma entrevista dela para HOT97 eu fiquei interessado em ouvir esse álbum, principalmente porque ela disse que buscava contar histórias de diferentes perspectivas e dessa forma falar da sua própria caminhada para o sucesso. Além disso, ela é inglesa, o que por si só já traz outra perspectiva na sua música.
As produções são muito boas, cheias de pianos, violões e efeitos, dentro do chamado cloud, mas o que eleva as músicas são as rimas e a maneira como Simz rima sobre as produções. Fugindo do tradicional, versos e refrãos possuem uma estrutura nem um pouco linear. A levada dela é sinistra, em momento parece que está a cem por hora e em outros momentos quase parando, algo que ela explora muito bem. Mas é a temática em si que rouba a cena, além de contar histórias de outras perspectivas, você percebe que ela se coloca nestas diferentes posições, pois as imagens construídas são bem vívidas.
Aquele "cosign" do Kendrick nem é necessário, Little Simz se garante por si própria, pode ter certeza. Acompanharei o que vem em seguida desse projeto e retomarei os EP's já lançados. Fiquem de olho, essa mina tem tudo para ser um destaque da terra da rainha.
Top 5 Destaques: Persons, Wings, Tainted, God Bless Mary, Dead Body
Big Grams
Make 'em call me B.B. King because I give that bitch the blues
Now she down on bended knee because she wanna lick the jewels
(Born to Shine)
O mais legal desse projeto colaborativo é que Big Boi aproveitou uma das coisas que eu mais gostei do seu segundo projeto solo, a parceria com Phantogram. Desde lá, a dupla pop, eletrônica, trip hop e qualquer outro gênero que você queira rotula-los, combinou muito bem com o estilo "fora da caixa" do próprio Big Boi.
Aqui o grupo chega com uma temática muito legal que é reinterpretar os 7 pecados em músicas. A produção está impecável (créditos principalmente ao Josh), Big Boi arrebentou nas rimas, Sarah adicionou lindos vocais e as participações se encaixam perfeitamente com as faixas escolhidas.
O álbum ou EP é curto, pois cada pecado está associado a uma música, o que deixa aquele gostinho de quero mais. Minha expectativa é que o grupo volte com outro álbum em breve e que o próprio Daddy Fat Sax esteja com toda essa inspiração no seu próximo solo. Talvez esse álbum roube uma vaga no meu Top 5 do ano, com certeza o Top 10.
Faixas em destaque: Todas!!!
RÁ!Eu preencherei
Linhas com os versos e muros com spray
Assuntos diversos e assim formarei
A constelação de rimas que eu cantarei
(7 Cordas)
Me lembro quando descobri o Ogi ao ouvir seu álbum Crônicas da Cidade Cinza, um álbum que eu tenho um carinho grande, pois me reconectou com minha cidade natal. Além disso, depois de digerir aquelas histórias com mais calma percebi que estava ali um artista e uma obra que não se vê todo dia, assim como os muitos clássicos internacionais que nos apaixonaram pela cultura hip-hop. Logo, as minhas expectativas eram grandes.
Ao dar o play, fui completamente tomado pelas rimas, produção e histórias contadas no RÁ!. Ogi atingiu outro patamar com esse álbum, o que ele faz com as palavras é fora de sério, da construção dos versos, os vocais e a levada, todos elementos muito bem explorados e distribuídos ao longo das faixas. NAVE é literalmente o "zika da base", não só ele caminha por vários estilos, como constrói uma atmosfera perfeita para as histórias contadas. E as participações? Como uma cereja em cima do bolo, mesmo que não contribuam necessariamente com versos. Na verdade, no patamar que Ogi chega nesse álbum é até bom não tirar os holofotes da estrela.
Bem, o veredito é óbvio neste ponto da minha impressão sobre o álbum. Novamente Ogi criou uma obra que estará entre os meus favoritos e que não tenho dúvida que estará entre os melhores do ano, particularmente, já considero como o álbum de 2015.
Top 5 Destaques: Aventureiro, Trindade Parte 1, Trindade Parte 2, Trindade Parte 3, 7 Cordas.
The Documentary 2/2.5
My first album was a set up
I was the little nigga Pac was talking to
When he said "keep your head up"
Cause he knew what I would be facing after his demise
(Dollar and a Dream)
Este novo álbum duplo do Game tem seus momentos com as boas produções, ótimas participações e um esforço do MC para entregar versos com qualidade. No entanto, é também uma grande bagunça, ou melhor, uma longa bagunça.
Apesar do disco 2 ser um pouco melhor, Game iria se beneficiar se fizesse um escolha, algo em trono de 8-10 faixas de cada disco, e assim diminuísse o tempo pela metade. As demais faixas não são péssimas e poderiam virar faixas bônus, faltaria só se livrar de alguns interlúdios/skits desnecessários.
Como fã do Game eu gostei, principalmente da ideia de se aprofundar na história da guerra entre as gangues, algo que poderia ser melhor explorado, mesmo com essa seleção de músicas. Outro aspecto interessante foram as muitas referências à faixas e artistas dos anos 90 e 2000 que se revela nas produções e levadas. Enfim, em um ano com a qualidade tão alta, infelizmente esse álbum não tem o que é necessário para se destacar entre os melhores, apesar de ter o suficiente para não ser descartável.
Seleção de ouro: Disco 1 - Disco 2
