A cultura do Rap é muito grande. E não me refiro mais ao Rap em si por dois motivos: 1º aprendi que o Rap é onipotente e onipresente. Ele não tem preconceito, não elimina, não excluí, não discrimina, não difere cor, classe social e muito menos gênero. Quem faz tudo isso é a cultura do Rap, a cultura do Hip-Hop, rappers, disc-jockeys, grafiteiros, os break-boys, os fãs e consumidores daqueles que fazem o Rap. 2º passei a usar o termo cultura depois de concordar com um pensamento de Edi Rock: “O Rap não é um movimento a algum tempo. Ele é música e cultura, não pode ser preso, ele tem que ser livre!”. Por isso uso a cultura Rap
Tudo parece ser mais difícil de ser aceito dentro dessa cultura, que pelo discurso, deveria ser completamente o contrário. Certo? O discurso é sempre de empregar respeito, abominar qualquer tipo de preconceito e cada um ser livre e fazer Rap e consumir Rap da forma que se sentir melhor. O grande problema disso é que as próprias pessoas que promovem esses discursos, importantíssimos, não só para a convivência dentro da cultura do Rap, mas para a vida em sociedade principalmente, são os que na primeira oportunidade de poderem colocá-lo em prática e serem espelhos para outras pessoas também fazerem o mesmo (porque agir de forma educada é tão inspiradora e contagiante como agir com a falta dela), agem da forma contrária, se contradizem, então, faz com que todo aquele belo discurso venha por água abaixo
Bom, felizmente há esperança. Porque na maioria das vezes as pessoas agem dessa forma por impulso e sem pensar, de forma inconsciente, elas não percebem que estão desagregando, deixando de acrescentar e muitas vezes desunindo aquilo que muitos lutam para unir. Enquanto estiverem lendo esse texto, se perguntem o que vocês fazem para realmente colaborar com a cena. Para colaborar com a humanidade. Talvez isso desperte em vocês algum sentimento de querer promover a mudança e propagar o respeito, empatia e amor, muito mais do sem querer serem cada um, um fragmento de meteoro que contribuirá para… a destruição (De forma micro, o Rap, de forma macro o mundo)
Empatia é a forma pura de você se colocar no lugar do outro do jeito dele. Então pensem bem na próxima vez que forem dizer: “Se eu fosse você, eu faria de outra forma”. Não! Se você fosse ele, você faria da mesma forma que ele faria, porque você seria ele, e não você. Cada um tem uma história de vida. Cada um sente de uma forma diferente, cada um enxerga, a cor verde, por exemplo, diferente de como você enxergaria. Saiba respeitar o porquê de alguém. Cada Rapper, traz em suas músicas aquilo que ele sente, aquilo que ele tem necessidade de expor, por pior que seja a música. Existe o aceitar e o compreender, existe uma grande diferença nos dois. Você não precisa aceitar pra compreender. Você pode simplesmente compreender sem aceitar. Isso é respeitar as diferenças
Vejo muitos comentários infelizes de pessoas que dizem: “Ele é boy”, “é criado pelo pai e pela mãe”, “é criado a leite com pêra”, “é fantoche”, “não é Rapper”, “o que faz não é Rap”, entre várias afirmações sem fundamento que vemos por ai. Você sabe qual é a história de
Vida do Rapper? Da pessoa? Você foi buscar saber sobre ele antes de fazer afirmações sem sentido? Aliás, não é rapper/mc/não é rap etc., no ponto de vista de quem? Do seu? E dos outros montes de fãs dele? Que se explodam e ajoelhem diante da soberania de sua afirmação? Então, pesquisem mais antes de criticarem alguém. Aliás, se estiverem com preguiça de fazerem uma simples pesquisa e sair da zona de conforto dou um conselho que ouvi certa vez de um Rapper muito inteligente: ao invés de perderem tempo criticando alguém que não gosta, ganhe tempo promovendo e elogiando a quem você gosta
Esse texto te desafia a praticar e promover o respeito e as diferenças, a serem empáticos e buscarem o conhecimento. Porque tenho certeza que se eu perguntar “Ele é boy por quê? “Ele é fantoche de quem?” “Você sabe se ele realmente foi criado pelo pai e pela mãe? Ou se ele tem um pai e uma mãe, ou se conhece o mínimo para fazer tal afirmação?”. Não teria uma, nem UMA explicação ou motivo relevante para tais afirmações. E não falo apenas de rappers, mais de todas as pessoas que estão diante dessas afirmações infundamentadas
E vocês rappers, djs, grafiteiros, b-boys, o exemplo de uma massa começa por vocês, a opinião de vocês é extremamente importante para muitas pessoas. Então eduquem o seu público. E para finalizar: “o problema do mundo é que os estúpidos são cheios de certeza, enquanto os inteligentes são cheios de dúvida” (Não sei o autor)
Publicado por: Renan Ricardo, revisado por: Anderson Morais
